sexta-feira, 29 de novembro de 2024

 Folha: Ainda estou aqui passa dos 2 milhões de espectadores 


Quando um filme aponta seu foco na direção certa, não utiliza qualquer firula para agradar a plateia e acaba favorecido pelo momento político,  momento político esse que coloca os herdeiros dos facínoras da ditadura militar na linha de tiro do Supremo, podemos celebrar com alegria a acolhida do público, muitas vezes com calorosos e emocionados aplausos ao final das sessões. 

Um filme com carpintaria primorosa, sem concessões, quase asséptico em alguns momentos, mas que tratou de um drama da classe média, não habituada com a violência do Estado. 

Tenho para mim que esse sucesso de bilheteria passa muito pela presença em massa dessa classe média que hoje se reconhece, também, partícipe e vítima do combate aos crimes dos chamados anos de chumbo. 

Vi o filme como sempre vi obras sobre a ditadura militar: com o máximo distanciamento, necessário para me poupar emocionalmente. Fico sempre com a sensação de não ter feito o suficiente para impedir o que temos vivido nos últimos anos. É uma dívida que carrego comigo. 

Porém -- e sempre há um porėm --, quando Eunice Paiva/Fernanda Montenegro, no final, com os olhos distantes pelo Alzheimer, vê na TV um documentário sobre as vítimas da ditadura, entre elas seu querido Rubens, seu olhar se ilumina num lampejo de que toda a sua luta havia valido a pena. 

Nesse momento,  eu baqueei 

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